quarta-feira, 3 de outubro de 2012

E tu? ACREDITAS em quê?

“A ilusão que desilude a imaginação”

"Tentando passar despercebido
No meio do marasmo que, paulatinamente,
Me absorvia com tenaz e radiosa melancolia
Ia eu, perdido, deambulando, simplesmente perdido.

Deixando com que a luz clara da lua,
Naquela obscura noite, misteriosa,
Me acompanhasse, descia eu,
Calma e morbidamente aquela rua
Nua, cruel,
Como aquele que me rói o interior
Me faz arder na pele.

Aquele sentimento de dispersão que me atordoava,
Fazia-me subir ao céu num instante
E num instante me lançava, impiedoso contra o chão.

Até que, dobrando aquela esquina,
Fria, sombria,
Impregnada com tamanha burocracia
A avistei.

Ei-la sublime!
Imaculada visão de virgem láctea e singela
Que me fez por um momento ganhar coragem
E dirigir-me a ela.

Mas tal visão triunfante
De confiança na hora fugaz, depressa me alheou
Deixando-me apenas admirar aquela
Que me é tão voraz…

E ela caminhava
Simples, bela, com margarida amarela
Nos fios de oiro balançando...
Tão simples, tão bela, tão singela
Tão repleta de vida e tão cruel,
Ia pisando vagarosamente
Com seus delicados e plácidos pés,
Ia deslizando sobre as pedras tortas da calçada
Como se de um manto de pétalas se tratasse.

Voava!
Minha imaginação, deleitada naquela sublime visão de paraíso
Voava!
Não podia ir mais além.
Fico-me pela inútil fantasia
De lhe falar, lhe tocar um dia
…aquela pele tão macia, somente imaginar!
Fico-me pela magia."


bee* - Bee*Land

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